RaianiSibien

Viagens, momentos e histórias pelo mundo afora.

Domingo passado tive a oportunidade de visitar Ramallah, uma cidade situada na fronteira com Jerusalém e considerada a “capital” palestina.

Assim que cruzamos a fronteira entre Jerusalém e Ramallah, começamos a nos deparar com a realidade “do outro lado”. Aquela manhã, os residentes locais resolveram fechar as ruas principais de Ramallah como forma de protesto e apoio aos palestinos detidos em Israel que estão em greve de fome. Dessa forma, o ônibus que deveria nos levar até o centro da cidade, teve que parar logo depois da fronteira. Descemos do ônibus e aproveitamos pra caminhar e conhecer um pouco do lugar; lixo espalhado por todos os lados, ruas sujas, muros com pichações políticas, pequenas lojas oferecendo produtos de necessidade básica, pessoas passando pra lá e pra cá no meio da rua, e uma tenda onde as famílias dos presos se encontram, conversam, se apoiam e se consolam. Percebi que em menos de 10 minutos eu tinha saído de um mundo e entrado em outro.

Pegamos um taxi comunitário, chamado ‘sherut’, e finalmente chegamos no centro de Ramallah. Alí, no meio da praça Yasser Arafat, aconteciam as manifestações e protestos. Eram centenas de palestinos reunidos com bandeiras, fotos dos presos e gritos de guerra que ecoavam pelas ruas mais distantes.

Ficamos ali parados por alguns minutos, contemplando tudo que acontecia, analisando os fatos e tentando compreender toda aquela situação. Praticamente nos misturamos no meio daquela muvuca; meu desejo de registrar aquele momento era maior do que o medo de que algo me acontecesse. Medo nunca foi meu ponto forte.

Partimos dalí para o Museu do Yasser Arafat. O museu, que conta a história da Palestina e do líder político, foi inagurado no final de 2016 e custou cerca de $7 milhões. O elegante prédio inclui a suíte preservada de quartos modestos e outras áreas comunais usada por Arafat e seus seguranças nos últimos anos da sua vida.

Depois do museu, voltamos para o centro antigo da cidade. Passava das 14h, estávamos com fome. Paramos em uma loja de aparelhos eletrônicos e perguntamos se eles tinham alguma sugestão de restaurante. Ninguém ali falava inglês fluente mas o funcionário ligou para alguém. Uma voz masculina com sotaque americano me perguntou o que eu precisava. Respondi que procurávamos um local para almoçar e que como era nossa primeira vez em Ramallah, queríamos sugestões. Ele me pediu para esperar alí na loja e em menos de 1 minuto chegou pra nos levar a um restaurante. Se me lembro bem, o nome dele era Basser, nos disse que nasceu e cresceu nos Estados Unidos mas que havia se mudado para Ramallah há sete anos. Entre frutas espalhadas pelo chão, feirantes passando e comerciantes gritando, chegamos ao esperado restaurante, um local bem simples e humilde mas onde todos pareciam felizes em nos receber.

Após o almoço, fomos conhecer o Museu Mahmoud Darwish, considerado o poeta nacional palestino. Ele ganhou inúmeros prêmios por suas obras e ainda hoje é imensamente respeitado como um grande poeta e autor. O museu é lindo e bem interessante, especialmente para aqueles que gostam de poesia.

Saímos do Museu depois das 17h e precisávamos voltar para Tel Aviv. Pegamos o sherut até o centro e outro até a fronteira. Passamos pelo controle de passaporte e entramos no primeiro ônibus com destino a Jerusalém. Somente de Jerusalém é possível pegar o ônibus pra Tel Aviv. Confesso que voltar para Israel foi um alívio. Ramallah é caótica; as pessoas transitam na frente dos carros, os motoristas buzinam sem piedade e parece não existir ordem na cidade. O que existe é uma realidade social gritante, pessoas que ganham a vida como podem e que almejam um futuro melhor.
Cheguei em casa pouco depois das 22h, cansada mas feliz com a oportunidade de ter conhecido de perto e aprendido um pouquinho sobre a realidade de Ramallah e seus habitantes.

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