
A pergunta que recebo com mais frequência é: “Por que você escolheu fazer mestrado em Israel?”
Foram vários os motivos. Morar em Israel era um sonho de infância. Quando criança, tentei aprender hebraico através de alguns livros que tínhamos em casa. Eu acreditava que se pudesse falar hebraico, Jesus me entenderia melhor e minhas orações seriam respondidas mais rapidamente :). Os livros citavam apenas o alfabeto, e foi tudo que aprendi na época, mas o desejo de conhecer Israel permaneceu dentro de mim.
Os anos se passaram. Em 2014, fui aceita pra fazer o mestrado que curso hoje na Universidade de Tel Aviv mas recusei a oferta. Em 2016, senti necessidade de dar prosseguimento aos estudos e me inscrevi novamente no mesmo programa.
Meu mestrado é na área das ciências políticas e relações internacionais, mais especificamente em segurança e diplomacia. Não poderia ter escolhido lugar melhor pra estudar esses tópicos.
Israel é um país que possui profundo conhecimento no âmbito da segurança, conflitos e guerras, vivendo continuamente uma batalha travada pela sua existência e sobrevivência. No quesito diplomacia, alguns me contestam e apontam para controversas questões diplomáticas do governo israelense. Compreendo certos argumentos, e em alguns pontos, até concordo. Mas estou falando do dia-a-dia, das situações que vivenciamos quando vamos comprar pão, na universidade, nos passeios no parque, com nossos amigos, no médico, no shopping etc. Em Israel, judeus, cristãos e muçulmanos se cruzam nas ruas diariamente e convivem pacificamente, na medida do possível. Na universidade, tenho a oportunidade de estudar com árabe-israelenses, judeus israelenses, judeus americanos e de outras partes do mundo, e com pessoas como eu, uma brasileira com cidadania italiana que não tem qualquer conexão direta com as questões políticas e territoriais da região.
Há pouco tempo, estava conversando com dois colegas de classe; uma moça palestina e um rapaz israelense que cresceu na Rússia e na Alemanha. Achei aquele encontro muito interessante. Gosto de reunir pessoas que normalmente não se misturariam e conversar livremente sobre o que vier à cabeça. Poder falar abertamente, expor opniões e escutar o que o outro tem a dizer, é uma oportunidade de entender o ponto de vista alheio e de aplicar diplomacia na prática.
É desafiador opinar sobre assuntos pertinentes e ser diplomático em meio às constantes ameaças e conflitos políticos existentes em Israel, onde todos têm opniões formadas, um modo incisivo de lutar pelo que acreditam e um objetivo maior: o de concentrar seus esforços pelo reconhecimento, pela sobrevivência e bem estar da nação.
Meu mestrado em Israel me deu a oportunidade de visitar zonas de conflito nas fronteiras com países vizinhos, de conhecer um pouco sobre a cultura judaica, de entender melhor a raíz do conflito árabe-israelense e os desafios enfrentados por diferentes comunidades. Além disso, estou podendo finalmente realizar o sonho de aprender hebraico. Não tenho fluência mas de vez em quando arrisco algumas frases, rs!
Nos próximos posts vou contar um pouco como é a vida em Tel Aviv, como é morar em Israel, como são os estudos na Universidade de Tel Aviv e como fazer pra entrar numa universidade israelense. Não perca!
Achei a matéria excelente
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Obrigada, Ionaldo. Fico feliz que tenha gostado. Tenha uma ótima semana!
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