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Nicósia, a capital do Chipre, é o coração cultural e político do país. Em 1974, a cidade foi dividida entre cipriota grega e turca, em um conflito que continua sem uma solução definida, apesar de esforços internacionais para resolver a situação.

Nicósia é invadida e dividida:

Chipre foi dominado e conquistado por vários impérios, incluindo o Império Otomano, integrou a Grécia antiga, e finalmente declarou independência em 1960. Na época da independência, Chipre era constituída por uma população majoritariamente grega e uma minoria significante turca. Em 1963, o presidente da República propôs algumas reformas constitucionais que foram de encontro aos objetivos da comunidade cipriota turca e da Turquia. Os cipriotas turcos decidiram sair e instituiram uma administração temporária, começando assim o conflito entre os dois lados.

A situação se agravou com o golpe de estado grego-cipriota em 1974, quando a junta militar que na época governava a Grécia derrubou o presidente Makarios III. Percebendo o momento de fragilidade política do país, a Turquia aproveitou a oportunidade e invadiu a ilha, ocupando 37% do seu território ao norte, e expulsando cerca de 200.000 cipriotas gregos que residiam no local. Desde então, Nicósia foi dividida entre cipriota grega e turca, e por 30 anos residentes de territórios opostos não podiam cruzar a fronteira. O livre acesso à passagem só foi liberado em 2003, apesar dos dois lados permanecerem em conflito.

Em 2004, Chipre tornou-se efetivamente membro da União Européia (UE), mas a ocupação turca continua sendo considerada ilegal e não reconhecida pela ONU, pela UE e por grande parte da comunidade internacional.

A Força de Manutenção de Paz das Nações Unidas no Chipre (UNFICYP) da Organização das Nações Unidas (ONU) encontra-se em Chipre desde 1964. Há anos a ONU vem tentando chegar a um acordo de paz e colocar um ponto final no conflito. Recentemente, o chefe da Organização afirmou que “as partes estão muito perto de um acordo relacionado à criação de uma zona bilateral e comunitária, federal e institucional da República de Chipre.”  Quem viver, verá!

Minha Experiência em Nicósia

Chegamos em Nicósia pela manhã, passeamos pela parte grega até chegarmos na “linha” que divide a cidade. Passamos pelo controle de passaporte para sair da parte grega e outro controle para entrar no lado turco.

A sensação era de estar saindo da Grécia e entrando na Turquia, parecia um déjà vu ou um flashback da minha viagem à Turquia em 2013. Os dois lados divergem em vários aspectos; a moeda local, a língua, a cultura: tudo é diferente, até o passaporte. Um conhecido do Chipre nos contou que os cipriotas turcos têm seu próprio passaporte, mas que como não é reconhecido, fazem também o passaporte do Chipre grego a fim de transitar livremente pela Europa e outros países.

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Nossa primeira parada foi no The Buyuk Khan, construído entre 1576-77 por Sinan Pasha, o governador de Chipre (1572-79) na época do Império Otomano. O local se tornou um centro cultural, um espaço aberto para galerias de arte, eventos e apresentações. O Buyuk também possui alguns restaurantes com pratos típicos da culinária turca, e foi exatamente um desses restaurantes que escolhemos para almoçar.

Após o almoço, fomos explorar a cidade. Caminhamos pelas ruas principais, visitamos algumas lojas e monumentos, e é claro, compramos algumas baklavas (famoso doce turco), porque saborear a culinária local faz parte do conhecimento cultural :).

Depois de algumas horas, voltamos para a parte cipriota grega e continuamos nosso passeio. Visitamos o Museu de Chipre, algumas feirinhas de artesanato, e outros locais que vou deixar pra falar no próximo post.

Nicósia preserva aspectos do seu passado histórico mas acrescenta elementos da modernidade atual. Não é a cidade mais bonita que já conheci, mas é sem dúvida um lugar cheio de peculiaridades, que viveu e sobreviveu a diversos conflitos, e absorveu diferentes influências culturais que contribuíram na formação da cidade que vemos hoje.
Poder conhecer de perto um pouco da realidade e dinâmica política, econômica e cultural que involve a capital, e o Chipre em geral, foi uma experiência única e um aprendizado.

No próximo post vou dar dicas de monumentos, restaurantes e cafeterias em Nicósia. Não percam! Boa Páscoa a todos 🙂

Um comentário sobre “Nicósia (Chipre): A Capital Dividida

  1. Avatar de Ester Sibien Ester Sibien disse:

    Rai, que maravilha, belo resumo, bem detalhado e explicito, parabéns!

    Curtido por 1 pessoa

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